Censura à imprensa? Ex-diretores da Piá impediram a venda de edições do JNP com matérias polêmicas

A Liberdade de Imprensa, garantida pela Constituição de 1988 e assegurada também pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi infringida em três ocasiões pelos ex-diretores da Cooperativa Agropecuária Petrópolis. Quando o JNP buscou publicar fatos verídicos que estavam vindo à tona nos referidos momentos, diversos métodos foram utilizados pelos diretores Rogério Klering, Darcísio Braun e Jeferson Smaniotto, no sentido de cercear informações negativas que populares já comentavam, no entanto ainda não haviam sido publicadas pela imprensa.

No início de fevereiro de 2022, uma matéria-release foi enviada pela então assessoria de imprensa da Cooperativa. A notícia tratava da contratação do então novo gestor financeiro Geraldo Sandri. Na época, o site do JNP Online ainda não estava no ar, então a notícia foi veiculada na rede social Facebook. Ocorre que a reportagem inseriu um parágrafo, que citava a falta de produtos nos mercados da rede, incluindo o supermercado de Nova Petrópolis, dizendo que Sandri assumia num momento em que já havia evidências de crise. Logo após a publicação, a referida assessoria entrou em contato com o JNP, solicitando a retirada do polêmico parágrafo, que não fazia sensacionalismo nenhum, apenas trazia um fato verídico. “Publiquem somente os textos que enviamos à vocês na íntegra, sem alterações” disse a então assessora via telefone. Os diretores, no intuito de não se desgastarem, podem ter pressionado a assessoria a exigir a retirada do conteúdo, o que de fato foi feito, mas feriu a liberdade em veicular tal informação.

No dia 11 de março de 2022, o JNP veiculou uma matéria no jornal impresso, amplamente divulgada e trazendo uma nova polêmica: a comprovação do prejuízo de 28 milhões de reais nos cofres da cooperativa até novembro de 2021, fato este comprovado através de um balancete obtido com exclusividade pela reportagem. A matéria citava também a omissão por parte dos diretores em receber associados, e o fim do fornecimento de leite à Piá por muitos deles, que passaram à vender à outras empresas; novamente a falta de produtos nas prateleiras dos supermercados e as evidências da crise. Logo após a publicação e distribuição do jornal, os diretores optaram por retirar os impressos e os expositores dos pontos de venda nos Supermercados Piá de Nova Petrópolis e Picada Café. Com nosso questionamento, foi repassado que o conteúdo não condizia com os posiocionamentos ideológicos da cooperativa. No entanto, antes da veiculação, os diretores foram procurados pelo JNP e não quiseram se manifestar. Tampouco houve resposta da assessoria de imprensa.

No dia 08 de abril de 2022, a capa do JNP trazia a notícia do resultado da assembleia da cooperativa, realizada novamente de maneira virtual, contrariando associados, que exigiam presencialmente o evento. Citava também o percentual da votação, de 102 a 51, onde por maioria foi aprovada a prestação de contas de 2021. A mesma comprovava o déficit de R$27,2 milhões da cooperativa naquele ano, condizendo com a matéria publicada anteriormente. No entanto, a veiculação deste dado parece ter descontentado os diretores, que novamente suspenderam a venda do jornal impresso nos supermercados de Nova Petrópolis e Picada Café, evidenciando mais uma vez a intenção de cercear informações à população. Com um intenso trabalho de negociação por parte do departamento comercial, o JNP conseguiu manter os pontos de venda do impresso nos supermercados Piá.

Nos três exemplos citados, houve tentativa clara de impedimento do trabalho jornalístico, vista a gravidade dos fatos reais veiculados. O JNP lamenta que tais condutas tenham sido utilizadas em Nova Petrópolis com tanta veemência pelos três diretores. Eles prejudicaram a liberdade de expressão, o direito da sociedade à informação e a própria democracia.